ME, MYSELF & I
O desafio foi colocada sob o mote "EU, Só EU e Mais EU" pela Margarida Crespo (MC como carinhosamente a apelidei) fotógrafa de renome nacional e com inúmeros trabalhos desenvolvidos desde editoriais de moda, desfiles de moda, catálogos, ilustração de artigos, projetos de solidariedade, entre outros. M. Crespo é o pseudónimo através do qual se mantém incógnita sendo apenas o seu trabalho visível.
O desafio deste trabalho não contemplou apenas o âmbito profissional, onde supostamente iria desenvolver o papel de stylist. M.Crespo propôs-me sair detrás da lente e colocar-me em frente a ela com toda a transparência possível, ou seja, “Eu, Só Eu e Mais Eu”. Várias questões assombraram a minha mente e abalaram a minha auto-confiança, primeiro o medo do fracasso "mas eu não sou modelo", "não sei se tenho jeito"; medo de não corresponder às expetativas da MC " e se ela não gostar"; " e se bloquear" e, medo de mostrar este meu lado publicamente. Medo, medo, o medo, reacção emocional primária, ainda que protetora também detentora da capacidade de nos bloquear e impedir de crescer, de nos superarmos. Repto lançado só faltava mesmo o derradeiro sim! E, como poderia eu dizer não. Por um lado, existe uma admiração crescente pelo trabalho desenvolvido pela MC e uma empatia inegável, ainda que discreta para muitos. Por outro, o momento era o ideal e a oportunidade única (qual mulher não sonha participar numa sessão fotográfica!). Tornou-se, ainda a oportunidade de comprovar que "ser fotografada pode ser terapêutico" desde que o façamos dentro dos nossos limites e, para este tipo de trabalho, com profissionais sensíveis às exigências deste processo. Por último, não faria sentido ceder aos medos e, após uma reflexão (e, mais umas sábias palavras da MC!) a proposta foi, então, tida como um verdadeiro e empolgante desafio. Em conversa, delineamos que o objetivo central seria fazer espelhar os diferentes papéis que retratam facetas no âmbito profissional, pessoal e no contexto relacional. A busca incessante da Margarida seria procurar retratar o meu Self, aquele que é o domínio mais intimo, subjetivo e profundo do Ser Humano e dá voz à narrativa de vida de cada sujeito.
CONTA-ME COMO FOI...
Não…não é fácil ser descortinada, confiar no desconhecido e deixar as emoções apoderarem-se do nosso corpo, uma vez que sentir pode fazer doer a alma, reviver memórias saudosistas. Afinal o tema era EU, SÓ EU E MAIS EU e a batalha seria permitir que a MC acedesse ao meu mundo, ao meu olhar e, quanto a mim competia-me confiar e mostrar-lhe esse lado. Disse batalha? pois a verdade é que a única batalha que travei foi comigo mesmo. A criatividade desbravada da MC, com propostas inusitadas e imediatas (como na Rua de Santa Catarina, Porto - não estava NADA planeado!), foi-me colocando à prova. Realizar tomadas de decisão no imediato, lidar com os olhares indiscretos (e o frioooo!), vencer a vergonha, apelar e tentar encontrar o meu lado mais sensual, voltar a reencontrar-me com memórias do passado, descer do papel de profissional e simplesmente SER foram as pequenas batalhas que, orgulhosamente venci durante a sessão fotográfica. Há medida que as horas iam passando, a adrenalina eliminava o frio do meu corpo, as incertezas desvaneciam-se, a confiança aumentava e o meu Eu ia se aproximando da minha verdadeira essência!
Uma experiência única, terapêutica e, espero eu repetível!
Para verem os bons momentos em vídeo, aqui.
Agradecimentos:
O meu agradecimento caloroso e genuíno para ti M.Crespo por seres cúmplice e acreditares!
A ti, Maria Manquinho por seres o reflexo de quem outrora já foi e, novamente pela tua leveza na forma de viver!
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